Com as novas regras de solvência anunciadas nesta semana, as
seguradoras brasileiras terão que fazer aporte de R$ 3 bilhões de
capital adicional para atender às novas exigências, segundo
cálculos da Superintendência Nacional de Seguros Privados
(Susep).
A autarquia anunciou que o Conselho Nacional de Seguros Privados
(CNSP) aprovou, em reunião realizada nos dias 29 e 30 de janeiro,
regras mais rígidas de requerimento de capital para as seguradoras.
As novas regras, porém, só devem ser publicadas no Diário Oficial
da União na semana que vem, depois do Carnaval.
O impacto das mudanças só não será maior porque muitas
seguradoras já realizavam provisões técnicas que têm a função de
capital adicional de risco, segundo Danilo Cláudio da Silva,
diretor técnico da Susep. "Algumas provisões técnicas que já eram
constituídas pelas seguradoras faziam as vezes de capital de risco.
O que fizemos foi reverter isso e instituir regras próprias para
esse capital adicional", explica.
Por conta disso, menos recursos serão destinados às provisões
técnicas e um volume maior irá para o capital adicional das
companhias de seguros. A Susep estima que cerca de R$ 1,5 bilhão
pode passar de uma classificação para a outra nos próximos dois
anos, prazo dado para as seguradoras se adaptarem. Mas isso vai
depender da necessidade de capital de cada seguradora.
Para operar, as seguradoras precisam constituir um capital base e
um capital adicional de risco, dependendo do tamanho e do tipo de
operação, que leva em conta os riscos a que as companhias estão
expostas, como de crédito e de mercado.
O capital adicional regulamentado agora pelo CNSP se refere aos
riscos operacionais a que as seguradoras estão expostas, como um
erro na emissão de uma apólice de seguro ou um processo trabalhista
movido por um empregado, e aos riscos de mercado. Esse último,
porém, a obrigatoriedade passa a valer a partir de 2014.
Além disso, foram estabelecidos critérios de constituição de
capital adicional para risco de subscrição para as operações de
seguros de vida e previdência e de títulos de capitalização. Risco
de subscrição existe quando o valor cobrado na venda de seguros não
é suficiente para cobrir as despesas com indenizações, causando
desequilíbrio financeiro para a seguradora.
Segundo o diretor da Susep, o objetivo da nova regulação é tornar
mais rígida as regras de solvência, adequando o mercado brasileiro
às normas internacionais, chamadas de Solvência 2.
Com base na nova regulação, o mercado brasileiro teria 12
companhias com insuficiência de capital, cerca de 7% do total.
Segundo a Susep, no entanto, a maioria já apresentava insuficiência
antes das mudanças.
Outro anúncio feito pela Susep esta semana foi a modificação do
cálculo do capital mínimo requerido, que passa a ser o maior valor
entre o capital base - montante fixo de capital que uma sociedade
seguradora deverá manter - e o capital de risco. A autarquia também
passou a admitir que as empresas submetam critérios próprios de
cálculo do capital para prévia autorização pela Susep.