A Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) regulamentará o
acesso a medicamentos em fase de pesquisa. A proposta prevê regras
para que pacientes, médicos e indústrias solicitem à agência
permissão para o fornecimento de remédios em fase de estudo ainda
sem registro no País. Hoje, a análise é feita caso a caso.
"Não temos uma norma que traga regras claras para análise e para
liberação de produtos que ainda estão em fase de teste", afirmou o
presidente da Anvisa, Dirceu Barbano. A expectativa é de que o
número para obtenção de remédios sem registro se amplie. "Muitas
pessoas, mesmo médicos, não sabem como proceder", contou a
coordenadora de Pesquisa, Ensaios Clínicos e Registros de Novos
Medicamentos, Patrícia Andreotti.
O texto, que deve ser enviado para a análise da Procuradoria da
Anvisa, prevê o acesso a medicamento em três situações. O
fornecimento pode ser feito, por exemplo, para pessoas que
participaram de pesquisa com o medicamento. "Depois de concluída no
País, muitas vezes a investigação continua em outros centros. A
ideia é permitir que o medicamento seja fornecido enquanto o
paciente tiver benefícios com o tratamento, mesmo que os resultados
já tenham sido publicados", disse Patrícia.
Também é previsto o fornecimento do remédio para quem não
conseguiu participar da pesquisa clínica, pois não apresentava o
perfil exigido pela fabricante. "É o caso, por exemplo, de uma
pesquisa para avaliar os efeitos de um remédio para câncer. Pode
ser que paciente tenha o problema, mas seja rejeitado para o estudo
por apresentar insuficiência renal", disse Patrícia.
O acesso expandido, como é chamado, hoje é regulado por uma
resolução do Conselho Nacional de Saúde. Pela regra, a medicação é
dada para o paciente por um período de um ano. A Anvisa propõe o
fornecimento do remédio enquanto o paciente estiver obtendo
benefícios. O remédio em fase de pesquisa também pode ser fornecido
para grupos específicos ou apenas para um paciente, no chamado uso
compassivo. Um recurso usado pelo ex-vice-presidente José Alencar
durante o tratamento para combater câncer. "Às vezes, a droga ainda
em teste é a única esperança", disse a coordenadora.