O governo brasileiro gasta menos que a média mundial com a saúde
de seus cidadãos. Dados divulgados nesta quarta-feira, 15, em
Genebra pela Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que o País
de fato avançou na última década em relação aos investimentos na
área. O resultado, porém, ainda o coloca em uma posição inferior à
média global. Hoje, mais da metade das necessidades de saúde de um
brasileiro é paga pelo próprio cidadão, não pelos serviços
públicos.
As informações foram divulgadas na semana que antecede a
Assembleia Mundial da Saúde, em Genebra. Na ocasião, será feita uma
avaliação do setor no mundo. Está prevista a participação de
ministros da Saúde de vários países, entre eles o brasileiro
Alexandre Padilha.
Segundo os dados, os gastos públicos mundiais com a saúde de cada
cidadão chegou a US$ 571 por ano em 2010, a última cifra disponível
em escala mundial. No Brasil, esse gasto per capta somou US$
466/ano.
A OMS destaca que, em uma década, o orçamento do setor no País
cresceu quatro vezes. Em 2000, o governo destinava US$ 107 à saúde
de cada cidadão. Mas esse aumento não foi suficiente para acabar
com a profunda distância do Brasil em relação aos países ricos.
Os Estados Unidos gastam anualmente, per capita, US$ 3,7 mil; na
Holanda, são US$ 4,8 mil e na Noruega, US$ 6,8 mil. Na outra ponta
dos investimentos está o Congo, na África, com US$ 4 per capita por
ano, e a Libéria, com US$ 8.
A OMS também ressaltou a defasagem que existe entre o Brasil e a
média mundial em relação ao porcentual do orçamento público
investido na saúde. De acordo com a organização, 15,1% do orçamento
público do mundo vai para a saúde - no País, a taxa era de 10,7% em
2010; entre os demais países emergentes, 11,7%. Dez anos antes, o
governo brasileiro destinava apenas 4,1%.
Segundo a OMS, dos gastos totais de um cidadão com saúde, o
governo brasileiro cobre 47% do valor, anualmente. A taxa é
superior aos 40% observados em 2000. Isso significa que o
brasileiro está gastando, em termos porcentuais, menos dinheiro do
próprio bolso para custear sua saúde.
No entanto, mais uma vez, o índice está abaixo da conta global. Na
média mundial, governos garantem 56% de cobertura. Nos demais
países emergentes, a taxa é um pouco superior à do Brasil: 48%.
Nos últimos dez anos, o brasileiro passou a gastar
significativamente mais dinheiro com saúde. Somando gastos privados
e investimentos do Estado, cada cidadão investe hoje US$ 990 por
ano na própria saúde. No ano 2000, esse valor era de apenas US$
265.
Expectativa de vida
Se os gastos públicos brasileiros ainda não alcançaram a média
mundial, a expectativa de vida aumentou de forma significativa nos
últimos 20 anos, informou na quarta-feira, 15, a OMS.
No início dos anos 1990, uma pessoa vivia no Brasil uma média de 67
anos. Em 2011, essa expectativa atingiu os 74 anos. Nos países
ricos, há dois anos a taxa era de 80 anos.