Um novo teste desenvolvido pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz),
no Rio, permite o diagnóstico de leptospirose em 24 horas. Hoje, os
testes existentes demoram de cinco a seis dias para confirmar a
doença.
Ainda em fase experimental, o novo exame realiza o diagnóstico
por meio da identificação da leptospira, a bactéria causadora da
doença.
A identificação rápida da leptospirose permite que o paciente
seja tratado de forma mais eficaz. Com sintomas semelhantes aos da
dengue, hepatite A e outros processos infecciosos, o paciente só
era diagnosticado quando o organismo produzia anticorpos, quase uma
semana depois de ser infectado.
Com o novo teste, a leptospirose pode ser detectada no primeiro
ou segundo dia de contaminação.
A doença é transmitida principalmente pela urina de animais
infectados. Seus sintomas são febre, dor de cabeça e
comprometimento gastrointestinal.
"O mais importante para o paciente é o diagnóstico precoce. E
para a Vigilância Epidemiológica a importância é saber o tipo de
bactéria circulante, para que se possa controlar os animais [cães,
bois ou outros mamíferos] da cadeia de transmissão e evitar surtos
e epidemias", afirma a microbiologista Ilana Balassiano, do
Instituto Oswaldo Cruz.
RECONHECIMENTO
A pesquisa foi divulgada na revista científica "Diagnostic
Microbiology and Infections Disease", em 2012. Os resultados serão
apresentados no Congresso de Microbiologia na Alemanha, em julho
deste ano.
O novo teste é chamado de PCR-Imunocaptura. Segundo Balassiano,
existem aproximadamente 20 espécies de bactérias da doença.
A identificação é feita em diferentes níveis --gênero, espécie e
outros-- para classificar a bactéria e apontar o animal associado à
cadeia de transmissão da doença.
A pesquisadora conta que deposita o soro infectado com
leptospira numa placa com diferentes anticorpos. Em seguida, faz-se
a extração de DNA para identificar a bactéria e fazer o diagnóstico
da doença.
"Esse teste [da Fiocruz] é mais preciso. É uma ferramenta a mais
do diagnóstico já que os sintomas da leptospirose podem se parecer
com os de várias outras doenças", diz o professor de infectologia
pediátrica e diretor do Instituto de Pediatria da UFRJ, Edimilson
Migowski.
O Ministério da Saúde informou que o estudo ainda será analisado
pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e pela
Secretaria de Vigilância em Saúde.
Desde 2005, o Brasil registrou 31.418 casos de leptospirose. Em
2011 houve o maior número de doentes: 4.832, com 436 mortes.
Só no ano passado, foram registrados 3.242 casos e 268 óbitos.
Neste ano, o número já chega a 693, sendo 63 as vítimas fatais.