Após anunciar a saída de câmaras e comissões técnicas do
governo, o Conselho Federal de Medicina (CFMs) informou que também
entrou com uma ação civil pública contra a União, representada
pelos ministérios da Saúde e da Educação, para suspender o Programa
Mais Médicos. Segundo o conselho, a ação foi proposta na noite de
sexta-feira (19), tem 20 páginas e traz argumentos sobre três
pontos específicos do anúncio do governo. A entidade garantiu que
outras ações serão apresentadas na Justiça nos próximos dias.
A ação civil proposta pelo CFM pede que os conselhos regionais
de Medicina (CRM) não sejam obrigados a fazer o registro dos
médicos estrangeiros que aderirem ao programa sem comprovar
documentalmente a revalidação dos diplomas emitidos por
universidades do exterior e o Certificado de Proficiência em Língua
Portuguesa para Estrangeiros (Celpe-Bras) até que a questão seja
analisada pelo Judiciário. O CFM também argumenta, na ação, que o
Mais Médicos fará com que haja duas categorias de profissionais da
área no país: uma que poderá exercer a medicina livremente em todo
o território nacional e outra composta pelos inscritos no programa,
que terão o seu exercício profissional limitado a certa região.
“A ação não é contra a presença de médicos estrangeiros em
território brasileiro, mas pelo cumprimento da exigência legal de
que demonstrem efetivamente sua capacidade técnica para o exercício
da profissão médica, nos termos do arcabouço legislativo já
existente”, informou a entidade.
Criado no dia 9 de julho por meio de uma medida provisória, o
Mais Médicos prevê a contratação de médicos estrangeiros para
trabalhar nas periferias e no interior do país e estágio
obrigatório de dois anos no Sistema Único de Saúde (SUS) para
alunos que entrarem no curso de medicina a partir de 2015. Apesar
do anúncio da saída das entidades médicas das câmaras e comissões
técnicas do governo nas áreas de saúde e educação, o Ministério da
Saúde informou, na última sexta-feira, que sempre esteve e continua
aberto ao debate.
Quando o programa foi lançado, o ministro da Saúde, Alexandre
Padilha, disse que a intenção do governo é trazer médicos de fora
apenas se as vagas oferecidas não forem preenchidas por médicos
brasileiros, Segundo ele, a não exigência do Exame Nacional de
Revalidação de Diplomas (Revalida) é para evitar a concorrência dos
médicos estrangeiros incluídos no Mais Médicos com os brasileiros,
na medida em que, se tivessem o diploma validado, poderiam
trabalhar onde quisessem e não apenas com autorização exclusiva
para atuar na periferia das grandes cidades e em municípios do
interior.