Pesquisa da Universidade de Columbia (Estados Unidos) com a
participação do brasileiro Danilo Roman Campos, pós-doutorando da
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, traz
resultados que abrem caminho para o tratamento da Hipertensão
Arterial Pulmonar (HAP).
Os pesquisadores utilizaram uma droga experimental e conseguiram
recuperar a função de uma proteína, sendo nesse caso um canal
iônico para o íon potássio. Essa proteína participa no controle do
funcionamento das células musculares da artéria pulmonar. Em
uma classe de pacientes com HAP, foram encontradas mutações que
indicam alterações no funcionamento das células. "O achado abre a
possibilidade de tratamento para a HAP e pode ser extrapolado para
outras formas de hipertensão pulmonar, como naquelas causadas por
doença no ventrículo esquerdo", destaca Campos. A Hipertensão
Arterial Pulmonar (HAP) é uma doença incurável. A expectativa para
quem recebe o diagnóstico é de 70% de morte em até cinco anos. Não
existem dados específicos sobre os casos no Brasil, mas em todo o
mundo os especialistas da área apontam que a doença atinja uma em
cada 70 mil pessoas. Mutações
Campos afirma que um aspecto importante do estudo foi a
identificação de diferentes mutações em distintos pacientes que
pode explicar as alterações que ocorrem no funcionamento das
células musculares da artéria pulmonar.
"As diferentes mutações encontradas em distintos pacientes
levaram a uma perda da função do canal iônico para potássio",
aponta. "O canal iônico é uma proteína que fica na membrana
plasmática da célula, permitindo o fluxo de íons de forma seletiva
e está envolvido no controle das propriedades contráteis do músculo
em questão". O íon potássio possui carga positiva. "No
contexto celular este íon tende a sair das células pelo canal
iônico para o íon potássio", afirma o pós-doutorando.
"Devido às mutações, o íon não pode mais passar pelo canal,
ficando assim retido na célula. Assim, o acúmulo de carga positiva
no interior da célula causa uma despolarização constante da
musculatura da artéria pulmonar, podendo levar à hipertensão
arterial pulmonar". Apesar de promissor, o pesquisador lembra
que o caminho de uma droga experimental até um medicamento é sempre
longo. "O próximo e difícil passo é fazer a droga chegar até a
célula com problema", ressalta. "Uma maneira plausível seria via
inalação, mas isso leva tempo, da bancada até a prateleira da
farmácia são dez, quinze anos de pesquisas". Esse estudo deu
origem ao artigo "A Novel Channelopathy in Pulmonary Arterial
Hypertension", publicado no dia 25 de julho na versão eletrônica da
revista The New England Journal of Medicine (Estados Unidos).