O reajuste de médicos que trabalham para planos de saúde passará
a ser regulado em contrato. A Agência Nacional de Saúde Suplementar
(ANS) publicou nesta sexta-feira uma instrução normativa com a
determinação. A medida responde a uma antiga reivindicação de
médicos. Em abril, no mesmo dia de paralisação dos profissionais
que atendem planos, representantes da categoria entregaram à ANS
uma lista com reivindicações. Entre elas, a do reajuste previsto em
contrato.
"Foi sem dúvida um avanço", afirmou o diretor do Conselho
Federal de Medicina, Aloísio Tibiriçá Miranda. Ele afirma, no
entanto, que a medida não é suficiente. "Ela corre o risco de
frustrar a expectativa dos profissionais", completou. A
instrução normativa dá quatro opções para o reajuste: índices de
conhecimento público, um porcentual pré-fixado, variação pecuniária
ou uma fórmula de cálculo específica. A adoção de uma das quatro
alternativas fica a critério de médicos e das operadoras. "O
médico é a ponta mais fraca desta relação. Há um risco
significativo de que as operadoras apenas apresentem um contrato
para o profissional, sem dar espaço para discussão", disse
Tibiriçá.
Para o CFM, a melhor alternativa seria a de o reajuste ser feito
por meio de um acordo coletivo entre profissionais e operadoras.
Eles reivindicam também que o contrato determine a periodicidade do
reajuste. A instrução proíbe que o reajuste seja condicionado à
sinistralidade das operadoras. A norma dá prazo de 180 dias para
que contratos existentes sejam adaptados às novas regras.
A insatisfação dos médicos com a remuneração feita por operadoras
de saúde é antiga. Este ano, profissionais de 12 Estados
interromperam o atendimento para pacientes de planos de saúde. Ano
passado, paralisação semelhante foi realizada. A estimativa é de
que existam no País 170 mil médicos que trabalham para planos. A
ANS foi procurada para comentar as críticas feitas por médicos. Em
nota, o diretor de desenvolvimento setorial da agência, Bruno
Sobral, afirma considerar a medida como um grande passo na busca de
um setor mais harmonioso.