De acordo com o diretor-presidente da ANS, André Longo, muitos
serviços poderiam ser prestados exclusivamente pelo SUS enquanto as
unidades particulares deveriam se dedicar a outros
procedimentos
O diretor-presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar
(ANS), André Longo Araújo de Melo, defendeu nesta quinta-feira (20)
a revisão do marco regulatório do setor para solucionar problemas e
reduzir gastos provocados pela duplicidade do sistema de saúde no
País. Durante a prestação de contas sobre as atividades da agência
ao longo de 2012, no Senado Federal, Longo explicou que muitos
serviços poderiam ser prestados exclusivamente pelo Sistema Único
de Saúde (SUS) enquanto as unidades particulares deveriam se
dedicar a outros procedimentos.
Na avaliação do diretor, atendimentos de urgência e emergência,
por exemplo, deveriam ser oferecidos apenas pelo sistema público.
“É natural que, após um trauma, os usuários, inclusive
beneficiários de planos [de saúde], sejam atendidos na rede
pública. Da mesma forma, outros serviços nos quais o sistema
privado tem mais know how ficariam a cargo do serviço privado”,
explicou. ”A ideia é otimizar para gerar mais eficiência e
aperfeiçoar o sistema de saúde”, completou.
Para ele, o sistema brasileiro não pode ser considerado
suplementar, mas duplicado, já que as pessoas que optam pelo plano,
não abdicam do direito ao serviço público em alguns casos. Por lei,
a ANS é obrigada a ressarcir o SUS por alguns procedimentos. O
diretor garantiu que esse ressarcimento tem sido aperfeiçoado, mas
lembrou que a exigência gera custos.
“O ressarcimento ao SUS é extremamente burocratizado. Temos dois
andares empilhados de documentos que vêm do SUS para análise.
Notificamos usuários e operadoras, que recorrem quase todas as
vezes. Isso leva anos, tem custo e não resolve o problema de
financiamento do sistema público de saúde”, avaliou. Segundo ele,
mesmo com as dificuldades, a ANS arrecadou mais de 2011 a 2012, do
que nos dez anos anteriores à criação da agência.
As alternativas de financiamento do sistema defendidas pelo
diretor da agência também solucionariam a demanda crescente pelo
serviço de saúde por uma população mais idosa. Trabalhando com
estimativas de que a população com mais de 65 anos vai dobrar até
2030, o diretor alertou que a sustentabilidade do sistema de saúde
é uma prioridade de vários países.
“Temos a agravante que é a rápida mudança no perfil etário.
Precisamos preparar nosso sistema”, disse, ao destacar alternativas
como o VGBL saúde, uma espécie de plano de previdência para que
pessoas mais jovens consigam capitalizar uma poupança para o
futuro.
André Longo também destacou que as negociações de impasse entre
operadores e usuários de planos de saúde foram priorizadas pelas
ANS. Pelas contas do diretor, mais de 78% das 75 mil reclamações
registradas no ano passado foram solucionadas a partir desse
mecanismo em que a ANS notifica a operadora que tem que responder o
usuário em até cinco dias.