Após a entrada da americana
UnitedHealth no Brasil, ao comprar a Amil, outro grupo estrangeiro
tem projetos ambiciosos no país. Trata-se da operadora de planos de
saúde Colsanitas, pertencente à holding colombiana Organizacion
Sanitas Internacional (OSI), que tem projetos de investir R$ 100
milhões e ter 1 milhão de clientes em cinco anos no país.
A colombiana já tem um pé no
Brasil. Em 2011, a Colsanitas comprou sem alarde 45% da operadora
brasileira Universal Saúde e agora está aumentando esta
participação para 80%. O objetivo do grupo no mercado brasileiro é
comprar outras operadoras de planos de saúde e montar uma rede
própria de hospitais e clínicas, aos moldes do que possui na
Colômbia.
Para tocar essa expansão, acaba de
contratar o executivo brasileiro Daniel Coudry. Médico por
formação, Coudry foi diretor da Associação Nacional dos Hospitais
Privados (Anahp) e trabalhou na Dasa e na Liberty Seguros. "Já
estamos fazendo 'due dilligence' em uma operadora. Para atingir 1
milhão de vidas vamos ter que comprar. Queremos primeiro ganhar
musculatura e depois montar uma rede verticalizada", disse Coudry,
que na semana passada estava na Colômbia para uma imersão nos
negócios da Colsanitas.
Fundada pelo espanhol Marcial Gómez
Gil, a Organización Sanitas Internacional fechou o ano passado com
receita de US$ 2 bilhões e tem presença na Venezuela, Peru,
Colômbia e Brasil e planeja entrar também no México. O grupo
começou na Espanha em 1954, mas a operação espanhola foi vendida
para a empresa de saúde inglesa Bupa e hoje não faz mais parte da
OSI, cuja sede fica na Colômbia.
O modelo de saúde colombiano é
diferente do brasileiro. No país vizinho, 95% da população tem um
convênio médico. Isso porque 12,5% da renda mensal de todos os
trabalhadores é revertida para um plano de saúde ao qual toda a
população tem acesso. Deste percentual, 4% são pagos pelo empregado
e os outros 8,5% são subsidiados pela empresa contratante.
Os recursos descontados do salário
dos trabalhadores e das empresas vão para um fundo administrado por
várias operadoras de planos de saúde conhecidas como EPS. "Os
trabalhadores têm acesso a um plano de saúde básico, mas não é tão
simples como no Brasil. Lá eles têm direito, por exemplo, a
prescrições óticas", disse Coundry.
Os desempregados também têm direito
a um plano de saúde, mas é mais restrito. "A Colômbia adota um
modelo de saúde semelhante ao do 'Obamacare'", lembrou o
executivo.
A OSI é dona da operadora de plano
de saúde EPS Sanitas, que tem cerca de 1 milhão de clientes. Além
desse plano de saúde básico, o grupo conta com outros dois tipos de
convênios médicos mais sofisticados em que as pessoas pagam um
valor adicional (além dos 4% da renda do trabalhador). Como são
destinados a públicos com maior pode aquisitivo, há menos clientes.
O Colsanitas, por exemplo, tem 290 mil usuários e o Medisanitas,
mais sofisticado, 42,2 mil.
No Brasil, o grupo colombiano está
atuando por meio da Colsanitas. Segundo Coundry, ainda não está
definido se haverá a criação de uma holding para abrigar as
empresas adquiridas ou se os planos comprados ficarão sob o
guarda-chuva da Universal Saúde.
De 2011 para cá, a Colsanitas
desembolsou entre R$ 17 milhões e R$ 20 milhões pela Universal
Saúde. Essa quantia refere-se ao pagamento dos 80% da operadora
brasileira, fundada pelo médico Manoel Martins, e passivos.
A colombiana Colsanitas se junta a
outros grupos estrangeiros que já estão no Brasil como a americana
UnitedHealth (Amil), a alemã Allianz, a japonesa Yasuda (Marítima),
além da italiana Generalli que tem planos de atuar em saúde no
Brasil. Há ainda a Omint, de origem argentina, mas que atua no país
de forma independente.