Acordo entre
país europeu e secretaria de saúde vai viabilizar nova técnica para
capturar e analisar mosquitos e mapear
contaminação
Uma
parceria entre a Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro e o governo
da Alemanha pode aprimorar no curto prazo as ações de combate à
dengue. Preocupado com sua delegação nos Jogos Olímpicos de 2016, o
país europeu firmou um acordo com o Instituto de Microbiologia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro e o governo do Rio para
ceder equipamentos e experiência em vigilância epidemiológica para
detectar que tipos de vírus estão circulando na cidade com o Aedes
aegypti, o mosquito transmissor.
Sem
essa metodologia, os dados sobre o tipo de vírus predominante em
determinada época só podem ser conferidos com um levantamento de
sorologia das pessoas já infectadas. A nova técnica consiste em
capturar mosquitos e analisá-los, para saber se estão contaminados
e com que tipos de vírus.
“Fazer essa identificação antes permite que
algumas medidas sejam tomadas, para preparar os serviços de saúde e
prever uma epidemia com maior grau de certeza”, explicou o
superintendente de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da
Secretaria de Saúde, Alexandre Chieppe.
O
projeto está em uma fase piloto e uma equipe de 10 agentes já
começou a fazer a coleta em áreas próximas aos locais de competição
dos Jogos Olímpicos e unidades de saúde da capital. Por enquanto, o
interior do estado só será incluído na coleta em casos específicos,
como a identificação de um vírus novo em alguma cidade.
Além
de armadilhas para capturar os mosquitos, eles usam uma espécie de
aspirador que suga grandes quantidades do inseto para levá-los ao
laboratório, onde são catalogados por gênero e raça. Depois, eles
são acumulados em um equipamento que verifica se estão contaminados
e por quais tipos de vírus.
Além
da dengue, a pesquisa pode detectar a entrada do vírus Chikungunya
no estado, que, além dos sintomas da dengue, causa dores musculares
que podem durar meses. Uma das maiores preocupações, no entanto, é
o vírus da dengue tipo 3, que não circula com intensidade no Rio de
Janeiro desde 2002. “A população está mais suscetível a ele porque
não circula há mais tempo. Todo mundo que nasceu depois disso, por
exemplo, não está imune”, explicou.
Se os
testes detectarem alta circulação do vírus tipo 3, a secretaria
deverá intensificar as ações de prevenção e preparar as unidades de
saúde para identificar os sintomas da dengue. “Na medida em que
vamos tendo os resultados, eles mudam nossa forma de atuação. Se
tivermos uma resposta positiva quanto à circulação do vírus tipo 3,
isso muda o planejamento já para o ano que vem”.