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O que era para ser exceção virou regra no
Grande ABC. Em menos de um ano três hospitais fecharam as portas e
68,8 mil pessoas ficaram sem atendimento, mesmo pagando o convênio
médico em dia.
A falta de planejamento fiscal fez com que a andreense Samcil fosse
a mais recente operadora a ir à falência. Após concluir direção
fiscal, a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) deu prazo até
sexta-feira para que a empresa venda a carteira de clientes ou
então irá colocá-la em leilão judicial.
Com o fechamento definitivo das portas já decretado, os 61 mil
clientes devem passar por situação muito parecida com a que viveram
os clientes do Di Thiene, do Hospital São Caetano, no fim do ano
passado. Até aqui, muitos consumidores da antiga operadora ainda
estão sem qualquer plano de saúde por conta da liquidação da
carteira.
"Foram pessoas que perderam o prazo dado pela ANS para migrar de
operadora sem precisar cumprir carência. Quem conseguiu fazê-lo
ainda teve de se adequar ao preço do mercado e desembolsar mais
para pagar pelo convênio", lembra o diretor do Procon de São
Caetano, Alexandro Guirão. O valor gasto aumentou em até R$ 70 para
a maioria dos 7.800 clientes do antigo plano.
Outro ponto que pegou especialistas de surpresa no caso da Samcil
foi o pouco prazo para a venda direta da carteira de clientes. A
empresa foi oficiada da situação na quarta-feira e teve apenas
cinco dias úteis de prazo para negociar com interessados. "Cinco
dias não são suficientes para isso, para garantir a aquisição e
transferência de carteira, principalmente numa dificuldade
financeira como a que passa a Samcil", relata Guirão.
No Grande ABC, usuários do convênio já não conseguem mais agendar
consultas e procedimentos na rede credenciada e, com o Hospital
Mauá (do grupo) fechado, muitos reclamam de seguir pagando boletos.
"Mas é preciso manter a mensalidade em dia para evitar mais dor de
cabeça", orienta a diretora do Procon de Santo André, Ana Paula
Satcheki.
Segundo funcionários da empresa que preferem não se identificar, a
dívida da operadora ultrapassa os R$ 700 milhões, sendo R$ 200
milhões para credores e fornecedores e R$ 500 milhões ao Fisco.
Em nota, a empresa diz apenas "que está passando por um processo
de transição e irá manifestar-se assim que este for
concluído".
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