BackOffice
trouxe ganhos intangíveis, como aumento da capacidade analítica, e
melhor fluxo de informação entre pacientes e
operadora
Imagine um sistema capaz de gerar, todos os
meses, economias de R$ 423 mil, apesar de o desenvolvimento da
solução tecnológica ter custado apenas R$ 96 mil. Pois estes
números são reais, e foram registrados pela Unimed Vitória com a
adoção do Backoffice de Perícia Médica. A solução foi criada para
automatizar e aperfeiçoar o gerenciamento das auditorias
relacionadas às solicitações de internação.
Segundo o diretor-presidente da cooperativa,
Márcio Almeida, o projeto trouxe um retorno “muito além do
esperado”. Nos primeiros oito meses (sendo seis deles de operação
assistida), foram economizados R$ 3,4 milhões. Houve ainda ganhos
intangíveis, incluindo o aumento da capacidade analítica da equipe
técnica e administrativa da Unimed Vitória, melhor fluxo interno de
informação entre as áreas e entre pacientes e operadora.
Outro
benefício importante, inclusive em aspectos regulatórios, é a
redução do tempo de resposta aos pacientes nos postos de
atendimento. Ele trabalha a partir de critérios automatizados
baseados naquilo que é caro ao negócio. Segundo a cooperativa, o
sistema facilita o rastreio da documentação dos procedimentos pelos
médicos auditores. O auditor pode iniciar, executar e concluir um
processo e consultar o histórico de avaliações e decisões
posteriores em um único console.
Este
era justamente o problema a ser combatido: antes do Backoffice, o
controle e a auditoria das documentações encaminhadas à Unimed
Vitória para internação e perícias era feito por e-mails e
planilhas de Excel. O procedimento quase artesanal causava prejuízo
pela exigência de retrabalho. Solicitações já auditadas precisavam
ser costumeiramente revistas por outros auditores, não raramente
resultando em decisões divergentes para casos
semelhantes.
Com a automatização das regras de
auditoria, infrações começaram a ser identificadas praticamente em
tempo real.
Trabalho
Foram investidas cerca de 720 horas
em desenvolvimento interno e programação do Backoffice de Perícia
Médica. Da Unimed, um time multidisciplinar de analistas de quatro
áreas de negócio (gerência de operações, regulação, relacionamento
com os clientes e tecnologia) se envolveram. Três especialistas da
LCR Informática, de Sorocaba (SP), experts em sistemas de apoio a
gestão da saúde, participaram de todas as fases do projeto, desde a
especificação dos requisitos até o desenvolvimento dos códigos
fontes e homologação no ambiente da Unimed Vitória. Dois deles
continuam alocados fisicamente na cooperativa, fazendo a manutenção
dos sistemas existentes.
Mas
por que desenvolver internamente ao invés de comprar um software
pronto? “O mercado de software de saúde é carente de soluções
flexíveis e empresas que prestem um atendimento tempestivo e de
qualidade às operadoras”, responde Marcus Tanure, diretor
administrativo-financeiro da Unimed Vitória. “Os novos softwares
devem ser integrados àqueles já em produção, especialmente ao ERP
que utilizamos atualmente.”
O
executivo enumera outras vantagens da criação interna da
ferramenta: agilidade no desenvolvimento, implantação e manutenção
do sistema, maior qualidade e aderência do produto, apropriação do
código fonte – “podemos vender nossos sistemas a outras operadoras
de planos de saúde, se assim desejarmos”, explica Tanure – menores
gastos na implementação e na manutenção, e maior adequação às
particularidades do negócio da Unimed Vitória.
O
cronograma estimado para criação e implantação foi excedido em
cerca de dez meses, seis deles dedicados à operação assistida –
muito embora esta etapa imprevista tenha fornecido os subsídios
financeiros necessários para dar à área de negócios e à diretoria
da cooperativa a medida da necessidade do projeto.
Este
estouro do prazo decorreu de um grande desafio enfrentado pela
Unimed Vitória: a falta de aderência dos médicos auditores no
desenvolvimento da solução. Por atuarem remotamente e raramente
comparecerem à sede da Unimed, onde o projeto foi desenvolvido, os
médicos participaram do desenvolvimento a um ritmo mais lento do
que o planejado. A decisão tomada pelo departamento de TI permitiu
a participação dos auditores, mesmo com contatos mais
curtos.
Apesar do atraso do cronograma inicial, a
integração destes médicos foi considerada determinante para o
sucesso do sistema e para a satisfação dos usuários finais, ou
seja, os próprios auditores. “A TI é parte fundamental da
estratégia da Unimed Vitória, uma vez que quase a integralidade dos
projetos estratégicos desenvolvidos pela cooperativa demanda
soluções tecnológicas”, diz Tanure.