Apólice para empresas aumenta até 10%, assim como seguro saúde
oferecido às companhias
O aumento da concorrência com a chegada de novas seguradoras
estrangeiras ao país fez cair o preço da maioria das modalidades de
seguro para empresas no ano passado. A queda média foi de 10%, mas
as apólices de automóveis e de saúde insistem em não seguir a mesma
tendência.
Eduardo Marques, diretor técnico da Marsh, vê relação entre o
aumento dos preços e o índice de roubos e de indenizações. Mas isso
não aconteceu no ano passado, quando foram roubados 99.623 veículos
no país, 20,3% menos do que em 2011.
O seguro de carros somou R$ 24,7 bilhões em prêmios emitidos em
2012, entre apólices para pessoas físicas e empresas, avanço de 16%
frente a 2011, e 51,6% do mercado de seguros de pessoas, segundo a
consultoria Siscorp.
O aumento de preços também é causado pela queda na taxa básica
de juro, que força as seguradoras a buscarem resultados com as
operações, e não apenas com a aplicação das reservas técnicas; e
pela extinção do custo de apólice de R$ 100, promovida pela
Superintendência de Seguros Privados (Susep).
Já no caso do seguro saúde, que arrecadou R$ 101,4 bilhões no
ano passado, segundo a Confederação Nacional das Empresas de
Seguros (CNSeg), o motivo foi a inflação médica. Dados do Índice de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileira
de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que em 12 meses até
janeiro deste ano, a evolução do preço dos serviços médicos e
dentários ficou em 9,52%, enquanto a inflação média foi de
6,15%.
Essas linhas estão na contramão daquilo que se percebe no
mercado de seguros para empresas em geral, entre eles os de aviação
e de responsabilidade civil para executivos, este último com queda
de 20% em média em 2012. Com a chegada de novos concorrentes — em
três anos, cinco empresas receberam autorização para atuar no
Brasil (Argo, Essor, Fairfax, Starr International e XL), de acordo
com a Susep — a maioria registra queda. “Há um aumento da
capacidade no mercado, que puxa as taxas para baixo, porque o
Brasil é um mercado que está crescendo e seguradoras buscam
investir aqui”, destaca Marques. No ano passado, foram emitidos R$
129,3 bilhões em prêmios de seguros gerais e de pessoas, avanço
anual de 23%, dois dígitos que reluzem aos olhos dos
estrangeiros.
Pedro Purm, presidente da Argo, seguradora com sede em Bermudas
que começou a operar no Brasil em janeiro do ano passado, conta que
a empresa escolheu primeiro desembarcar no país para depois se
arriscar em outros mercados da região, mas que acredita que a
possibilidade de entrada de novos concorrentes é baixa. “O apetite
dos estrangeiros está chegando ao fim, até porque outros mercados
lá fora já começam a se recuperar e o país está ficando com fama de
o governo interferir muito na economia.”
Desta forma, ele acredita em uma tendência de estabilização dos
preços do seguro no país em 2013, a mesma opinião da Marsh. “Vamos
ter desaceleração deste processo de concorrência, o que permitirá
que taxamais estáveis”, conclui Marques. Já Álvaro Igrejas, diretor
de Financial Lines da Willis Brasil, percebe que ainda há espaço
para quedas. “Se não ocorrer nenhum susto, como um grande sinistro
que faça com que as seguradoras revejam os preços, a tendência é de
queda porque a concorrência se mantém.”