O Ministério da Saúde anunciou nesta segunda-feira (1°) a
incorporação ao Sistema Único de Saúde (SUS) da vacina contra o
papilomavírus (HPV), usada na prevenção de câncer de colo do útero.
Meninas de 10 e 11 anos receberão as três doses necessárias para a
imunização em 2014. As 12 milhões de doses adquiridas custarão R$
360,7 milhões ao governo federal.
É a primeira vez que o acesso à vacina será gratuito. A meta é
vacinar 80% do público-alvo, ou 3,3 milhões de pessoas. O vírus HPV
é responsável por 95% dos casos de câncer de colo do útero, segundo
só atinge menos mulheres que o câncer de mama.
Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a vacinação deve
reduzir a circulação do vírus no País. O câncer de colo do útero é
considerado um grande problema de saúde pública no Brasil,
principalmente na região Norte, e a vacinação exigirá uma forte
estratégia de divulgação entre as famílias e as escolas.
A vacina que estará disponível na rede pública é a
quadrivalente, usada na prevenção contra quatro tipos de HPV (6,
11, 16 e 18). Dois deles (16 e 18) respondem por 70% dos casos de
câncer. No escopo do acordo entre Ministério da Saúde e os
fabricantes da vacina – Butantan e Merck Sharp & Dohme (MSD), que
atuarão em parceria tecnológica – está prevista a possibilidade de
uso da versão nonavalente, que agregará outros cinco sorotipos à
vacina.
A vacina para prevenção da doença tem eficácia comprovada para
pessoas que ainda não iniciaram a vida sexual e, por isso, não
tiveram nenhum contato com o vírus. A escolha do público-alvo levou
em consideração evidências científicas, estudos sobre o
comportamento sexual e a avaliação de especialistas que atuam no
Comitê Técnico Assessor de Imunizações (CTAI) vinculado ao
Ministério da Saúde.
VacinaçãoAs três doses serão aplicadas com autorização dos pais
ou responsáveis das pré-adolescentes. Após a aplicação da primeira
dose, a segunda deverá ocorrer em dois meses e a terceira, em seis
meses. A imunização ocorrerá tanto nas unidades de saúde quanto nas
escolas.
Segundo o MS, após o primeiro ano de imunização, a oferta deverá
passar de 12 milhões de doses para 6 milhões de doses por ano, pois
parte do público-alvo já estará imunizado. A incorporação da vacina
complementa as demais ações preventivas do câncer de colo do útero,
que incluem o papanicolau e a conscientização para o uso de
camisinha.
Produção
A introdução da vacina no SUS foi possível por conta de acordo
para o desenvolvimento produtivo (PDP), com transferência de
tecnologia entre o laboratório internacional Merck Sharp & Dohme
(MSD) e o Instituto Butantan, que passará a fabricar o produto no
Brasil.
O Ministério da Saúde pagará cerca de R$ 30 por dose, valor 8%
abaixo do estabelecido pelo Fundo Rotatório da Organização
Pan-Americana de Saúde (OPAs). A expectativa do MS é pagar, em
cinco anos, um valor 34% menor ao custo atual, gerando economias de
aproximadamente R$ 200 milhões no período.
A produção do imunobiológico receberá R$ 300 milhões em
investimentos para a construção de uma fábrica de alta tecnologia
pelo Instituto Butantan, baseada em engenharia genética.