Você
é daqueles que acham seguro de vida dispensável? Então saiba que
você pode precisar de um e nem sabe
Os
seguros de vida não são tão populares quanto os seguros de carros,
mas podem tirar a sua família – ou até você mesmo – de um aperto em
um momento dramático.
Segundo especialistas em seguros, uma série de
mitos ainda afastam o brasileiro desse tipo de produto, uma vez que
é difícil, para a maioria das pessoas, planejar a tão longo prazo,
lidar com a possibilidade da própria morte ou até mesmo mensurar os
reais benefícios do seguro de vida.
Durante o 5º Seminário IBCPF de Planejamento
Financeiro, o empresário do ramo de corretagem de seguros, Nilton
Pedreira, e a planejadora financeira certificada (CFP) Maristela
Gorayb listaram algum fatos que quebram esses mitos. Veja a
seguir:
1 O
seguro de vida não é só para a morte
O
seguro de vida não é só para a morte – é também para a morte. Mas
hoje em dia os seguros de vida podem oferecer inúmeras coberturas,
muitas das quais possibilitam o resgate dos recursos pelo titular
ainda em vida.
Os
seguros de vida comumente trazem cobertura para outros eventos
complicados, como invalidez temporária (que deixa o segurado um
tempo sem trabalhar e, consequentemente, sem gerar renda) e
invalidez permanente.
Seguros que oferecem cobertura para doenças
graves ou para doenças terminais, por exemplo, permitem o resgate
de uma dada quantia caso o segurado passe por uma dessas situações.
Neste caso, ele pode usar o dinheiro como bem entender, como
custear viagens para se tratar ou providenciar recursos que o
deixem mais confortável.
Nilton Pedreira contou a história de uma segurada
que foi diagnosticada com uma doença terminal e decidiu, com o
dinheiro que pôde resgatar, fazer uma grande festa para reunir
todos os amigos que fez durante a vida ao redor do mundo. Para
alguns, ela até enviou as passagens.
“Durante a festa ela explicou sua situação, mas
disse que sua intenção ali era justamente celebrar a vida, ao lado
daqueles que ela amava”, disse.
De
forma inversa, seguros de vida também podem ter cobertura para
sobrevida – caso o segurado viva mais do que sua expectativa
inicial, o que pode fazer com que os recursos que acumulou ao longo
da vida se tornem insuficientes.
2
Seguro de vida não precisa ser caro
No
caso de um seguro de vida, ser caro ou barato pode depender mais da
necessidade do produto que de outros fatores. Saiba o que pesar
antes de fazer um seguro de vida (inclusive no quesito
preço).
Você
pode precisar de um veículo para deixar recursos imediatamente
acessíveis à sua família após a sua morte (e os seguros são
vantajosos por não entrarem em inventário) ou ter filhos pequenos
que precisem ter toda a sua educação custeada caso você venha a
faltar.
Segundo Nilton Pedreira, seguros de vida podem
ser desenhados para diferentes tamanhos de bolso. Além disso, há
formas até de driblar os altos custos.
Ele
contou o caso de um segurado que, ao chegar a uma idade mais
avançada, com um maior custo de seguro de vida, propôs aos filhos
que partilhassem o valor do prêmio.
Como
eles seriam os beneficiários da quantia segurada – que no caso dele
ultrapassava um milhão de reais – os filhos concordaram que seria
uma forma interessante de investir no seu futuro, por um custo que
ficou baixo para cada um.
3 O
seguro de vida da sua empresa pode não ser suficiente
Muita
gente tem a oportunidade de fazer um seguro de vida por meio da
empresa onde trabalha. É um dos benefícios que as companhias
costumam oferecer aos funcionários.
Mas
segundo Nilton Pedreira, é um erro achar que esse seguro coletivo é
suficiente. É preciso verificar se ele realmente atende às suas
necessidades. Podem faltar coberturas importantes e o valor delas
pode ser baixo.
O
principal, no entanto, é ter em mente que, se você for demitido ou
decidir sair do emprego, você perde o seguro de vida junto. E
dependendo da sua idade e condição de saúde, fazer uma nova apólice
pode sair caro, em comparação ao que seria caso o seguro tivesse
sido feito mais cedo.
4
Você consegue fazer um seguro de vida mesmo se tiver problemas de
saúde ou fumar
Nesses casos você consegue sim fazer seguro. A
dificuldade é que você pode não obter certas coberturas, ou algumas
delas ficarão mais caras.
“Certas coberturas podem ser negadas no seguro de
vida se a pessoa tiver alguma doença grave ou uma combinação de
fatores de risco, como hipertensão, obesidade e pré-diabetes”,
disse Maristela Gorayb, em entrevista a EXAME.com.
5
Pessoas solteiras ou sem dependentes podem precisar de seguro de
vida
Se
você é solteiro e não ter filhos, mesmo assim pode ser uma boa
ideia fazer um seguro de vida. Primeiro porque, dependendo das suas
reservas, um seguro contra invalidez temporária ou permanente pode
ser fundamental. Esta cobertura é comercializada isoladamente, mas
também pode ser obtida em um seguro de vida.
Em
segundo lugar, a veracidade dessa afirmativa também depende dos
seus planos futuros. Se você não pretende ser um solteiro convicto,
se deseja se casar e talvez até ter filhos, você deve planejar isso
desde já.
“A
pessoa precisa pensar onde ela quer estar no futuro”, diz Nilton
Pedreira. Um solteiro pode conseguir boas coberturas por um bom
preço enquanto ele ainda é jovem e saudável, que talvez não
conseguisse mais adiante, se decidisse fazer o seguro após
descobrir algum problema de saúde.
Segundo Pedreira, o jovem que pretende ter filhos
no futuro pode até contratar no seguro de vida uma reserva para
educação resgatável em vida, planejando o estudo deles desde
cedo.
6 Os
seguros são customizáveis e podem resguardar
empreendedores
Pedreira chamou atenção para o fato de que mesmo
pessoas que têm boa renda e um grande patrimônio fazem seguro de
vida. Ou seja, mesmo podendo cobrir quaisquer gastos com saúde ou
educação e sendo capazes de deixar uma formidável herança para a
família, essas pessoas se protegem.
Os
seguros de vida têm a facilidade de não entrarem em inventário, por
exemplo, liberando recursos rapidamente para a família depois da
morte do segurado.
Se o
segurado tiver boa parte do seu patrimônio em imóveis, o seguro de
vida pode ser interessante para os herdeiros terem dinheiro em mãos
para pagar o imposto sobre a transmissão de herança, o
ITCMD.
Segundo Pedreira, investidores-anjo, empresários
e outras pessoas que costumam arriscar parte do seu patrimônio
pessoal também fazem seguro de vida, justamente por tomarem risco.
Assim, ao menos a família fica resguardada.
“Alguns sócios de negócios mais técnicos, como
empresas de engenharia ou medicina, muitas vezes fazem uma apólice
para garantir que a empresa tenha recursos para comprar a parte dos
herdeiros em caso de morte daquele sócio. Eles não desejam que
herdeiros que não sejam da área assumam o negócio”, explicou
Pedreira.