" O consumidor vai transformar a cadeia
de saúde, ele transformou a cadeia varejista no mundo", afirmou
o consultor da e- Health- Summit, Guilherme Hummel, sobre a forte
atuação do consumidor no crescimento do e-commerce e a consequente
mudança no varejo E essa transformação já está presente no setor de
saúde, com uma participação maior do paciente, que impulsiona novos
players na cadeia e o surgimento de novos papéis para o paciente e
para o médico. Hummel falou sobre a reivenção da cadeia de saúde e
a importância da área de Tecnologias da Informação e Comunicação
(Tics) em saúde, durante o SAP Forum 2011, que ocorre de 22 a 24 de
março, em São Paulo, capital.
O executivo acredita que a saúde global está no epicentro de uma
revolução e a tecnologia tem papel fundamental nisso. Hummel cita
informações do Fórum Econômico Mundial de 2010, que comprovam a
importância do setor: a preocupação com as doenças crônicas está à
frente dos temas poluição e crime organizado, na opinião dos
líderes presentes.
De acordo com Hummel, o paciente é peça-chave na revolução. O
consumidor de saúde era omisso e sem informações, dependente do
médico e de suas orientações está com os dias contados. Hoje, o
mundo é dos e-patients, o paciente bem informado sobre o setor e
sobre as doenças. E, o médico, antes com uma visão missionária dá
lugar ao e-doctor, mais consultor do que curador. Outra mudança é
que o antigo paciente, que apesar de muito difundido como eixo
central da cadeia, nunca esteve no centro dá lugar as informações
clínicas do e-patient.
"As informações clínicas do paciente ficarão armazenadas e
permitirão salvar a vida de outros pacientes", disse. A
transformação, pelo menos do prontuário eletrônico, virá em três
décadas, mais lenta em alguns países mais rápida em outros, este é
um caminho sem volta.
E trilhando esse caminho estão empresas que já estão transformando
a cadeia de saúde. A conhecida relação entre os players do setor
envolvendo hospitais, operadoras, indústria e laboratórios ganha
novos pares: empresas que enxergam a saúde como um nicho de
crescimento e oportunidades. São novos tipos de atuação, empresas
de day hospital, home care, medical call center, segundo
diagnóstico (voltadas para aqueles pacientes que desejam confirmar
um diagnóstico antes de uma cirurgia, por exemplo, mas querem uma
segunda opinião de uma companhia que não está diretamente envolvida
no caso) e companhias que cruzam o universo de saúde- como a área
de Telecom, por exemplo. "Não tem sentido o médico não falar com
o paciente por e-mail e SMS, se ele não fizer, alguma empresa
fará", analisa o consultor. Segundo ele esta é a era da
conveniência e portanto novos serviços serão incorporados para
suportar a conveniência, ou seja, a relação ficará cada vez mais
"virtual", sem a necessidade da presença no consultório. Para
Hummel, as empresas devem se atentar as possibilidades. " Existe
uma grande oportunidade para os players do se´culo 21. Se você não
fizer, alguém fará por você".
Mundo
Apesar de informações escassas sobre os futuros gastos que o Brasil
realizará em e- health, Hummel estima que na pior hipótese, se o
Brasil só atender a demanda, serão de US$ 5 a 10 US$ bilhões
investidos em uma década. Caso, o País tenha um papel significativo
nessa revolução de saúde, o valor salta para US$ 30 bilhões.
Em 2009, foram gastos em e- health, US$ 86 bilhões no mundo, em
2010 o número alcançou US$ 89 bilhões. A China investiu US$ 62, 7
bilhões em 2007 e a Austrália está aplicando 5, 2% do orçamento
total do País, em TICs.
Investimentos
Há um campo bastante fértil no setor de saúde. Seja com o aumento
da expectativa de vida da população mundial ou no aumento do número
de doentes crônicos e a TICs tem participação fundamental nesse
processo. "Para ter acesso à informação é necessário tecnologia,
não há outra saída" pontua o diretor executivo da Associação
Nacional de Hospitais Privados (Anahp), Daniel Coudry.
E o terreno no Brasil é oportuno, segundo o executivo, o País
ganhou em uma década, 15 milhões de usuários de saúde privada, o
mercado brasileiro já é o segundo mercado de saúde privada no
mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, e o setor já representa 8%
do PIB nacional. Outro fator, é que o setor de saúde brasileiro
está em um momento em que a integração e a gestão das informações
passam a ser parte de outra discussão: a relação entre operadoras e
prestadores de serviço. O modelo de pagamento praticado em 95% de
negociações no Brasil é o fee for service , e há a discussão sobre
alternativas ao formato, como o pagamento de desempenho
possivelmente medido por indicadores, mas o desafio é conseguir
padronizar e integrar os dados.
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