A Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS) publicou no dia 20 de junho uma resolução
estabelecendo prazos para os planos de saúde atenderem aos
beneficiários. A norma entra em vigor por volta do dia 20 de
agosto. As empresas infratoras estarão sujeitas a multas de até R$
80 mil.
Em resumo, as operadoras terão até sete dias úteis para atender
casos de consultas básicas, como pediatria, clínica médica,
cirurgia geral, ginecologia e obstetrícia, por exemplo. Consultas
nas demais especialidades deverão ser feitas em até 14 dias e os
procedimentos de alta complexidade em até 21 dias úteis, entre
outros pontos.
A resolução é louvável, pois busca a melhoria da assistência aos
cidadãos. Se não surtir efeito imediato, ao menos tende a mostrar à
opinião pública mais um dos vários descalabros que ocorrem hoje no
sistema da saúde suplementar.
Com foco excessivamente mercantilista, alguns planos de saúde
aproveitam a melhoria da condição econômica de parte da população
para inflar suas carteiras de clientes. No entanto, não aumentam a
rede credenciada visando a ampliar os altos lucros. Conclusão: os
pacientes pagam caro e permanecem desassistidos.
A própria imprensa fez recentemente um Raio-X do setor. Apontou que
a rede credenciada está à beira do colapso. Os números são
estarrecedores: houve a queda vertiginosa de 24.858 clínicas ou
ambulatórios de 2008 para 14.716 em 2010; de 90.740 consultórios
para 62.246.
De 1.270 hospitais especializados despencamos para 424. De 5.187
hospitais gerais para 1.408. De 4.195 policlínicas para 1.663. De
145 prontos-socorros especializados para 52. De 588
prontos-socorros gerais para 48. E de 15.015 unidades de apoio à
diagnose e terapia para 6.527.
Problemas como esses refletem um quadro sombrio: atualmente,
pacientes e médicos são vítimas da relação desigual com operadoras
e seguros saúde. Nos órgãos de Defesa do Consumidor, são recordes
as queixas de negativas de cobertura e aumentos abusivos. Já os
profissionais de medicina padecem com os honorários aviltantes e as
pressões para que reduzam pedidos de exames, de internações, de
procedimentos diversos, e para acelerar altas, o que é um atentado
à saúde e à vida.
Nós médicos suspenderemos em 1º de setembro o atendimento a seis
planos de saúde que se negaram a ouvir nossas reivindicações. É um
protesto em sinal de solidariedade aos pacientes e por honorários
dignos. Junto aos cidadãos e às representações da sociedade civil
que têm nos demonstrado fundamental apoio, insistiremos no diálogo
e na mudança concreta e saudável do setor.
Temos certeza de que, se formos firmes nas nossas convicções e
atitudes, alcançaremos uma saúde suplementar de qualidade para
todos os brasileiros. Com sensibilidade e diálogo, como já vem
ocorrendo com algumas empresas, todos ganharão.