O
advogado Jaime César Oliveira teve o nome aprovado para ser
reconduzido ao cargo de diretor da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa). José Carlos de Souza Abrahão, por sua vez, será
conduzido para uma diretoria na Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS), que atua na regulamentação dos planos de
saúde.
Oliviera atua na Anvisa desde 2011 e tem dois
mestrados nas áreas de bioética e saúde pública. Atualmente, é
diretor de Coordenação e Articulação do Sistema Nacional de
Vigilância Sanitária e de Monitoração e Controle.
Abrahão está há 30 anos no mercado e já foi
presidente da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de
Serviços de Saúde do Estado do Rio de Janeiro (Feherj) e da
Confederação Nacional de Saúde (CNS). A indicação foi aprovada por
39 votos a 12. Já a recondução de Oliveira ao cargo da ANS, por 41
a 9.
Antecedentes
Com 19 votos favoráveis e um
contrário, a Comissão de Assuntos Sociais (CAS) aprovou na semana
passada as indicações dos nomes de José Carlos de Souza Abrahão e
Jaime César de Moura Oliveira como diretores, respectivamente, da
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Na
CAS, os senadores arguiram os dois indicados em sabatina conjunta.
Para José Carlos Abrahão predominaram perguntas sobre a necessidade
de integração da Saúde Suplementar com o Sistema Único de Saúde
(SUS).
Relator da indicação na CAS, o senador Humberto
Costa (PT-PE) disse ser essa integração essencial para evitar
duplicidade nas ações. Como exemplo, ele citou os serviços públicos
de transplantes, que são referência mundial.
“É um
serviço de altíssima complexidade, com regulação forte para evitar
privilégios. Por que não darmos como fato consumado que o sistema
público irá oferecer o transplante?”, questionou Humberto
Costa.
Ao
lado do relator, Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e Paulo Davim
(PV-RN) apontaram a necessidade de maior contribuição do sistema
privado ao público. “Na hora que o governo gasta com prevenção,
para evitar que o cidadão adoeça, quem tem plano vai usar menos o
plano e reduzir gastos da operadora. Mas é o sistema público que
gasta com prevenção”, frisou.
Abrahão se disse comprometido com a promoção
dessa articulação e destacou o crescimento da Saúde Suplementar.
Conforme informou, 50 milhões de brasileiros têm planos privados
para atendimento médico e 19 milhões têm planos
odontológicos.
Em
resposta à senadora Ana Amélia (PP-RS), ele disse que a suspensão
de venda de planos de saúde como punição pelo descumprimento de
prazos para consultas, internações e exames têm reduzido o número
de reclamações dos usuários.
Polêmica
O senador Randolfe Rodrigues
(PSOL-AP) questionou Abrahão por posição assumida quando presidia a
Confederação Nacional de Saúde, entidade que representa clínicas e
hospitais privados. Na ocasião, disse, o indicado à ANS se
posicionou contra o ressarcimento previsto naLei 9.656/98, que deve
ser feito ao Estado pelas operadoras de planos que saúde, sempre
que um cliente do plano for atendido pelo SUS.
Em
resposta, José Carlos Abrahão afirmou que seu posicionamento então
refletia a visão da confederação, que ele já não representa mais,
por ter renunciado assim que foi indicado para a diretoria da ANS.
Ele disse respeitar decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ)
pela constitucionalidade do ressarcimento.
Anvisa
Já o indicado para a Anvisa foi
questionado sobre decisões da agência, uma vez que Jaime Oliveira
faz parte da direção do órgão desde 2011 e agora está sendo
indicado para novo mandato. Ana Amélia perguntou sobre as causas da
recusa da agência em registrar medicamentos para tratamento de
câncer já liberados em outros países. O indicado explicou que,
nesses países, o registro é dado após estudo clínico mais curto que
o feito no Brasil.
“Esses países optam por essa estratégia por terem
condições da fazer acompanhamento mais efetivo de pacientes que
usam o novo medicamento. É dado o registro sob determinadas
condições e, quando se verifica algum problema de ineficiência ou
segurança, é feita a alteração do registro”, disse.
Já
Humberto Costa questionou o indicado sobre a necessidade de a
Anvisa inspecionar uma indústria já aprovada por agências de
regulação com reconhecimento internacional. Ele sugeriu a
integração com essas agências, para reconhecimento recíproco de
licenças.
Em
resposta, Oliveira disse que a Anvisa participa de fóruns que visam
à criação de redes internacionais de agencias reguladoras. “Brasil,
Canadá, Estados Unidos e Austrália já iniciaram projeto piloto para
credenciar de forma conjunta entidades especializadas, que fazem
inspeções internacionais, enviam relatórios para as agências, que
usam para diversas finalidades, como certificação e registros”,
exemplificou.