Homens que sofrem câncer de próstata e que carregam um gene
mutante podem desenvolver a forma mais agressiva da doença, alertam
especialistas britânicos.
O gene BRCA2 está geralmente relacionado a formas hereditárias de
câncer de mama, próstata e ovário.
Agora, os pesquisadores do Institute of Cancer Research, em
Londres, e do Royal Marsden NHS Foundation Trust acreditam que,
além de terem mais probabilidade de ter câncer de próstata, homens
que carregam o gene BRCA2 têm menos chances de sobreviver a formas
agressivas do tumor.
O câncer de próstata pode se desenvolver devagar ou rapidamente,
algo difícil de prever nos estágios iniciais da doença. Muitos
homens convivem com o tumor a vida inteira sem manifestar sintomas.
Muitos nem precisam de tratamento.
Mas os cientistas alertam que os que sofrem de câncer de
próstata e têm o gene defeituoso devem ser tratados o mais
rapidamente possível porque neles há probabilidade maior de o tumor
se espalhar.
Tratamento imediato
O professor Ros Eeles e seus colegas analisaram pacientes de
câncer de próstata, incluindo 61 homens com o gene BRCA2, 18 com
uma mutação genética similar conhecida como BRCA1 e outros 1.940
sem mutações genéticas.
Eles concluíram que os pacientes com a mutação BRCA2 tinham
menor chance de sobreviver ao câncer, vivendo cerca de seis anos e
meio após o diagnóstico. Já os pacientes com a mutação BRCA1 e os
que não apresentavam qualquer mutação viveram quase 13 anos após o
tumor ser detectado.
Os cientistas observaram que os pacientes com o gene BRCA2 ainda
tinham mais chance de apresentar a forma mais avançada da doença já
na época do diagnóstico.
Na avaliação do professor Eeles, 'faz sentido começar a tratar
esses pacientes com cirurgia ou radioterapia imediatamente, ainda
nos primeiros estágios da doença'.
A médica Julie Sharp, da organização Cancer Research UK, diz que
o estudo sugere que os médicos devem considerar tratar este grupo
de pacientes muito antes do que fazem atualmente.
— Este é o maior estudo já feito sobre a relação entre câncer de
próstata e o gene mutante, mostrando que os médicos devem começar
tratamento logo, em vez de aguardar para ver como a doença se
desenvolve.