Zurich Seguros, tradicional seguradora de
grandes obras e riscos de engenharia, critica proposta do
Ministério da Fazenda de criar estatal de seguros "O governo quer
acabar com o mercado segurador no Brasil", afirmou ao DCI o diretor
da área patrimonial da Zurich Seguros, Luciano Calheiros, sobre a
proposta de criação da estatal Empresa Brasileira de Seguros
(EBS).
Ele se mostrou assustado com a falta de discussão da proposta.
"Isso é um retrocesso, uma sinalização muito negativa. A Susep
[Superintendência de Seguros Privados] sequer foi consultada",
apontou Calheiros.
"A proposta de medida provisória em questão garante uma reserva de
mercado ao governo em todas as áreas de seguro, inclusive em áreas
desenvolvidas, como seguro de vida e habitacional", contestou
Calheiros.
O diretor da Zurich Seguros aponta contradições na proposta do
governo. "Como o governo pode ser segurador e segurado ao mesmo
tempo? Isso não faz sentido", argumenta Calheiros.
"Essa fórmula que o governo está propondo não existe em nenhum
lugar comercialmente livre do mundo. Exceto na China e em Cuba",
aponta o diretor.
Ele questiona todos os argumentos usados pelo Ministério da Fazenda
para justificar a criação da EBS, como a falta de capacidade do
mercado segurador.
"O mercado brasileiro é superdesenvolvido. Há fortes players
competitivos nacionais e estrangeiros que atuam no mercado. Nenhum
cliente foi ao governo pedir mais uma estatal", diz.
Quanto à capacidade das companhias que atuam no Brasil desegurar
grandes obras como as do Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC), Calheiros citou números de desempenho de sua companhia.
"Vou citar como exemplo apenas os números da Zurich, sem falar de
meus concorrentes em grandes obras", considerou. "A Zurich tem
capacidade automática para desembolsar imediatamente US$ 150
milhões em riscos de engenharia e US$ 500 milhões em garantias a
grandes obras", citou Calheiros.
Ele fez questão de lembrar que a Zurich Seguros participa com
prêmios de riscos em 3 grandes hidroelétricas em construção: Santo
Antônio (RO), Jiraú (RO) e Estreito (TO).
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