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Brasil gasta mal e os valores da saúde são lamentáveis. Esta é a
conclusão do CFM ao analisar o que foi entregue a partir do PAC
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Das 23.196 ações sob
responsabilidade do Ministério da Saúde ou da Fundação Nacional de
Saúde (Funasa) vinculadas ao Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC 2) de 2011, 3.821 foram finalizadas até abril deste ano. Ou
seja, 16,5% delas.
A constatação faz parte da nova
análise do Conselho Federal de Medicina (CFM), que considerou baixo
o desempenho na condução dos projetos, considerando “reflexo do
subfinanciamento crônico da saúde e da má gestão administrativa no
setor”.
A entidade afirma no documento que os
“valores são lamentáveis”. “Se pensarmos ainda que, a cada R$ 1
investido em saneamento são economizados R$ 4 na área de saúde,
estamos diante de um problema muito maior: além de destinar pouco
para saúde, o Brasil gasta mal”.
As informações levantadas pelo
Conselho com base nos relatórios do governo englobam investimentos
previstos pela União, empresas estatais, iniciativa privada e
contrapartida de estados e municípios em projetos de construção e
de reforma de Unidades Básicas de Saúde (UBS), Unidades de
Pronto-Atendimento (UPA) e ações de saneamento.
Piores resultados
O levantamento consolida dados do 10º
balanço oficial do PAC 2, divulgado recentemente pelo Comitê Gestor
do programa. Cerca de 40% das ações programadas para o período de
2011 a 2014 permanece nos estágios classificados como “ação
preparatória” (estudo e licenciamento), "em contratação" ou “em
licitação”. Enquanto isso, 10.743 ações constam em obras ou em
execução, quantidade que representa 46% do total.
Nesses três anos e quatro meses,
foram contratadas a construção ou ampliação de 15.095 UBSs, das
quais 45% estão em obras, 41% estão no papel e apenas 14% foram
concluídas. No caso das UPAs, 495 contratadas no mesmo período, os
resultados são ainda piores, segundo o CFM: 59% constam em ação
preparatória ou em licitação, 36% em obras e somente 5%, ou seja,
23 unidades, foram entregues. Também constam no Programa
iniciativas de saneamento voltadas a qualidade da saúde em áreas
indígenas, rurais e melhorias sanitárias nas cidades. Dentre as
7.606 ações em saneamento geridas pela Funasa, 23% foram entregues
até abril de 2014.
Confira o estágio das obras por tipo
de empreendimento:
Sudeste conduz baixo
desempenho
Segundo a pesquisa, entre as regiões
do país, a que apresentou pior resultado percentual de execução foi
o Sudeste, onde foram concluídos somente 512 (12%) das 4.212 obras
previstas. Apenas 10% das 2.292 unidades básicas previstas para a
Região foram efetivamente entregues até abril. Em relação às UPAs,
11 das 178 programas foram concluídas.
Nas regiões Sul e Nordeste, o
percentual de conclusão oscila entre 15% e 16%, respectivamente. Já
os estados do Norte tiveram um resultado relativamente melhor, mas
igualmente mínimos. Somente 638 (23%) das 2.784 ações foram
concluídas.
Confira abaixo o desempenho do “PAC
Saúde” em cada uma das regiões:
Valores de
investimento
No monitoramento do PAC, embora o
critério de valores investidos seja indicado pelo Governo como o
“mais adequado”, os resultados na área da saúde continuam críticos.
Ao todo, o governo estima investir R$ 7,3 bilhões no PAC Saúde
entre 2011 e 2014. Até abril, no entanto, os empreendimentos
concluídos representam 13% (R$ 920,8 milhões) do valor. Sem as
ações de saneamento, o cálculo estimado passa a ser de R$ 4,8
bilhões, com percentual de 7% (R$ 324,7 milhões)
investidos.
Para a construção de novas UBSs,
estão previstos no Programa cerca de R$ 3,8 bilhões no período, dos
quais 7% (R$ 276,9 milhões) correspondem às obras já entregues. Nas
UPAs, os investimentos em unidades concluídas somam R$ 47,8 milhões
– 5% do investimento previsto (R$ 1 bilhão). Já as ações em
saneamento totalizam R$ 596 milhões, montante que representa 24%
dos R$ 2,5 bilhões estimados.
