A determinação da Agência Nacional de Saúde (ANS) que obriga
operadoras de plano de saúde e odontológicos a justificar por
escrito os motivos para negar atendimento aos beneficiários já está
valendo. A partir de agora, caso as operadoras que negarem qualquer
procedimento solicitado pelo cliente não se justifiquem em 48
horas, elas podem ser multadas em R$ 30 mil.
Em Itapetininga (SP), o vice-presidente de uma operadora de
plano de assistência médica, Oswaldo Morelli, explica que há cinco
anos a medida é adotada na empresa que dirige. De acordo com ele,
são poucos os motivos que levam uma empresa a negar as
solicitações. “O primeiro motivo é o seguinte: a pessoa ainda está
naquela fase de carência, ou seja, ela acabou de pegar o plano mas
não cumpriu as carências determinadas, então esses procedimentos
são negados até que ele cumpra as carências. Outro caso é quando a
pessoa quer fazer alguma coisa fora das diretrizes da cooperativa,
ou seja, a pessoa quer fazer um procedimento em um local que não
está dentro da nossa área de abrangência, mesmo tendo esse
atendimento dentro de nossa área”, explica.
Dados da ANS apontam que no país cerca de 48 milhões de pessoas
usam plano de assistência médica e que 18 milhões usam planos
odontológicos. A nova determinação aumenta o compromisso dessas
empresas, que chegam ao número de 1, 5 mil, com os clientes.Segundo
o presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB) de Itapetininga, Tiago Zaguetto, a
operadora deve ter uma razão fundamentada na cláusula contratual
para justificar a negativa. Contudo, caso o beneficiário ainda se
sinta lesado com a justificativa, é possível reverter a situação
procurando a Justiça. “O consumidor deverá primeiramente abrir uma
reclamação perante seu plano de saúde, perante a ouvidoria de seu
plano. Em uma segunda etapa, ele poderá reclamar para a ANS,
através de uma reclamação administrativa. Havendo uma situação de
urgência, o consumidor poderá procurar um advogado para pleitear em
juízo esse direito”, afirma.A empresária Dainae Moraes Rodrigues,
cliente há oito anos de plano de saúde, acredita que a nova regra
vai trazer mais transparência para quem paga pelos serviços.
Segundo ela, quanto maior a transparência dos serviços
oferecidos, maior será a qualidade. “É muito importante porque hoje
em dia a gente não sabe bem certo quais são os nossos direitos em
cada plano de saúde, e se for recusado, o porquê. A gente já paga
um valor, às vezes absurdo, para ter uma qualidade no serviço
quando a gente precisar”, diz.