O Movimento Nacional em Defesa da Saúde Pública, o Saúde+10,
reuniu mais de 1,8 milhão de assinaturas e levará nesta
segunda-feira (5) ao Congresso Nacional um projeto de lei (PL) de
iniciativa popular para a destinação de 10% da receita corrente
bruta brasileira ao Sistema Único de Saúde (SUS). A estimativa é a
de que o valor supere R$ 42 bilhões em recursos adicionais por ano.
De acordo com o último Orçamento da União, em 2013, estão
destinados ao setor cerca de R$ 90 bilhões. Na tarde de hoje,
espera-se que os representantes do Saúde+10 sejam recebidos pelos
presidentes da Câmara e do Senado, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN)
e Renan Calheiros (PMDB-AL).
As assinaturas são parte do plano de reivindicar ao Congresso um
PL de iniciativa popular – uma forma de proposta de legislação
prevista pela Constituição Federal, em que deve ser reunido 1% do
eleitorado nacional, com no mínimo 0,3% dos eleitores de cinco
unidades da Federação, por meio de assinaturas validadas com os
respectivos números de título de eleitor, zonas e seções
eleitorais. Dessa forma, o cidadão dá o seu aval ao projeto em
questão, expressando diretamente a sua vontade.
Para que o projeto seja recebido, tem de ser reunidas, pelo
menos, 1,4 milhão de assinaturas – 1% dos cerca de 140 milhões de
eleitores brasileiros, segundo dados de 2012 do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE). A coleta das assinaturas foi feita em parceria com
diversas entidades, entre elas a Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB), responsável por mais de 856 mil assinaturas. O
Estado que teve destaque na iniciativa foi Minas Gerais, que,
sozinho, somou 439 mil assinaturas.
"Nós acreditamos no direito à saúde de forma digna. A população
não pode ser atendida de qualquer forma e por qualquer meio. Por
isso, nos engajamos na coleta de assinaturas. Nós continuaremos
acompanhando o projeto no Congresso", disse o secretário-geral da
CNBB, dom Leonardo Steiner, sobre a participação da entidade na
campanha do Saúde+10.
No caso do PL, deverão ser destinados anualmente ao SUS 10% da
receita corrente bruta do país – que é a soma da arrecadação
tributária, impostos, contribuições e demais receitas arrecadadas
pela administração pública federal.
Para a presidenta do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Maria do
Socorro de Souza, o aporteorçamentário adicional será usado para
suprir o déficit de financiamento que existe desde a criação do
SUS, na década de 1980. "A nossa expectativa é que o Congresso
acolha a vontade popular e que o governo tenha a disposição de
negociar", disse Maria do Socorro.
O presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB), Marcus Vinícius Furtado Coêlho, disse que o resultado
de uma pesquisa sobre reforma política, encomendada pela ordem ao
instituto de pesquisas Ibope, será divulgada amanhã. Segundo ele, a
principal demanda da ampla maioria dos participantes é a melhoria
das condições de saúde. Segundo Coêlho, a OAB irá se articular para
fazer com que a Frente Parlamentar dos Advogados no Congresso trate
o Saúde+10 como prioridade.
"O Estado brasileiro não cumpre a principal função determinada
pela Constituição, que é a proteção da população. O Brasil, para se
constitucionalizar, precisa aprovar esse projeto de lei", disse o
presidente do conselho da OAB.
O presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de
Saúde, Antônio Carlos Nardi, informou que o conselho irá se
mobilizar para cobrar celeridade na tramitação do projeto pelo
Congresso. Segundo ele, o objetivo é fazer que o texto vá à sanção
presidencial em dezembro deste ano.