Fonte: Folha de São Paulo
Mais cedo, ministro interino disse
que as informações estariam em nova plataforma, mas site antigo
voltou a funcionar com dados completos
O Ministério da Saúde voltou a
divulgar na tarde desta terça-feira (9) as informações referentes
aos dados acumulados de mortes e infectados pelo novo coronavírus
no site http://covid.saude.gov.br. O retorno dos dados
acontece um dia após decisão do ministro Alexandre de Moraes, do
STF (Supremo Tribunal Federal).
A pasta não informou se a medida se
dá em cumprimento à decisão do STF, mas o ministério retomou o
formato de divulgação adotado até quinta-feira da semana passada e
da forma como determinava a decisão do ministro Alexandre de
Moraes, com o total de mortes e de casos da Covid desde o início da
pandemia.
O Ministério da Saúde também voltou
a divulgar número de casos e mortes nas últimas 24 horas, que tem
como base a data de notificação. Nesse método, incluem-se as mortes
em decorrência do novo coronavírus que aconteceram no último dia e
também casos antigos que ainda aguardavam a confirmação.
O site, portanto, não adota a
metologia que o Ministério da Saúde vem anunciando nos últimos
dias, que levaria em consideração apenas as mortes ocorridas e
confirmadas nas últimas 24 horas. Esse método resulta em número de
mortes menores e deixa de fora óbitos de outros dias sem
confirmação.
Em audiência nesta terça-feira na
Câmara dos Deputados, o ministro interino, Eduardo Pazuello, havia
dito que todas as informações referentes ao novo coronavírus
estariam disponibilizadas em uma nova plataforma que será lançada
nos próximos dias. Dessa forma, nem seria “obrigado a cumprir [a
decisão do STF]”.
“Eu acredito que a colocação dos
dados como estavam já está colocado no nosso BI [plataforma de
Business Inteligence] em uma página onde aparecem os dados
exatamente como estavam antes. Então, não vai precisar nem me
obrigar a cumprir, já vai ser cumprido imediatamente.”, disse o
ministro durante audiência na Câmara dos Deputados.
Desde sexta-feira da semana
passada, os boletins diários deixaram de informar o acumulado de
mortes e de casos confirmados da Covid, assim como a quantidade de
óbitos em investigação. As informações também foram retiradas do
site na ocasião.
Na noite de segunda-feira, Moraes
determinou que o Ministério da Saúde retomasse a divulgação dos
dados acumulados do coronavírus em até 48 horas. A decisão foi
tomada ao analisar ação apresentada pela Rede Sustentabilidade,
PSOL e PCdoB.
A mudança na divulgação de mortes e
casos confirmados pela Covid-19 começou na quarta-feira (3).
Naquela data, o Brasil registrou um recorde de mortes, chegando à
marca de 1.349 novas mortes em 24 h e 28.633 novos casos.
Alegando um problema técnico, o
Ministério da Saúde disse que o boletim do coronavírus seria
divulgado excepcionalmente apenas às 22h, ou seja, após o
fechamento das edições dos principais jornais diários e da emissão
dos telejornais da noite.
No dia seguinte, o país bateu um
novo recorde —1.473 óbitos em 24 horas, o que representava uma
morte por minuto — e, pelo segundo dia seguido, o Ministério da
Saúde atrasou a divulgação do boletim.
A divulgação às 22h se repetiu na
sexta-feira, e o boletim daquele dia excluiu pela primeira vez o
total de mortos e casos de infecção pelo novo coronavírus
registrados desde o início da pandemia.
Ao longo do fim de semana, o
ministério soltou três notas, com conteúdos divergentes. Na
primeira, informou que o horário de divulgação às 22h seria
necessário para analisar os dados vindos dos estados e fornecer um
balanço fidedigno.
A pasta também anunciou que iria
adotar uma nova metodologia para compilar os dados, tendo como base
os números de mortes segunda a data do óbito, e não sua
notificação, ao contrário do que faz a maioria dos países.
Nesta segunda-feira, no entanto, em
um recuo por parte da pasta, o secretário-executivo Élcio Franco
informou em entrevista que todos os dados a respeito do novo
coronavírus estariam disponíveis na futura plataforma. No entanto,
o coronel, número 2 do ministério, não deu detalhes sobre a
continuidade dos boletins, quais informações conteriam, assim como
não mencionou se o site atual traria de volta as informações que
costumava apresentar.
Autor: Renato Machado e Talita
Fernandes
Referência: Folha de São Paulo